domingo, 14 de fevereiro de 2010

GENERAL QUE ATACOU PLANO DE DIREITOS HUMANOS SERÁ EXONERADO

 
SÃO PAULO (Reuters) - O general Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento Geral de Pessoal do Exército, será exonerado do cargo, informou nesta quarta-feira o Ministério da Defesa, após a divulgação de declarações em que o militar faz pesadas críticas ao Plano Nacional de Direitos Humanos.
PUBLICIDADE
"O general Santa Rosa será exonerado do Departamento Geral de Pessoal do Exército", afirma declaração publicada na página do ministério no serviço de microblogs Twitter (www.twitter.com/DefesaGovBr).
Mais tarde, o ministério divulgou nota afirmando que o ministro Nelson Jobim encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva proposta de exoneração do general após o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, confirmar que a nota que circula na Internet é de autoria de Santa Rosa.
Peri informou a Jobim, de acordo com o ministério, que o texto era uma correspondência particular de Santa Rosa e que foi indevidamente propagada pela Internet.
"Mas, diante do caso, o comandante do Exército sugeriu que a providência solicitada pelo ministro fosse a exoneração do oficial-general, proposta aceita e imediatamente encaminhada à apreciação do presidente da República", afirmou o ministério.
Em sua nota, Santa Rosa ataca a intenção contida no Plano Nacional de Direitos Humanos de criar uma "comissão da verdade" para investigar crimes contra os direitos humanos cometidos durante o período do regime militar (1964-1985).
Para ele, o organismo seria formado "pelos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o sequestro de inocentes e o assalto a bancos como meio de combate ao regime, para alcançar o poder" e acabaria se transformando em uma "comissão da calúnia".
"Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa. A história da inquisição espanhola espelha o perigo do poder concedido a fanáticos", afirma o general no texto assinado por ele que circula pela Internet.
"Essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma 'comissão da calúnia'", completa.
O Plano Nacional de Direitos Humanos, lançado pelo governo Lula no final de 2009, já havia criado polêmica entre os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Paulo Vannuchi (Direitos Humanos), obrigando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a entrar no circuito para mediar o caso.
Após acordo com os dois ministros, Lula realizou mudanças no texto original do decreto sobre o plano e, na ocasião, tanto Lula quanto o Palácio do Planalto declararam que o episódio estava solucionado.
 
(Reportagem de Eduardo Simões)

Nenhum comentário:

Postar um comentário